Que Buda te ilumine
Já se escreveram milhares de livros sobre Buda (às vezes Budda, outras Budha e outras ainda Buddha) e o budismo.
Existem também milhares, ou tal vez milhões de textos na internet sobre o assunto.
Nós aqui em Femividencia pensamos em trazer-te algo novo e original e decidimos pesquisar sobre o Budismo Vajrayana.
Trata-se de um conjunto de deidades budistas pouco conhecidas na nossa cultura mas extremadamente disseminadas no oriente.
Para trazer-te informação e dados em primeira mão, viajamos à Índia, subimos ao Nepal e ao Tibete, depois fomos à China e ao Japão.
A seguir, o que aprendemos e quais as nossas impressões dessa viagem mística.
O panteão do Budismo Vajrayana tibetano
O Livro tibetano dos Mortos assim como outras fontes que consultei ensinam que as principais imagens do budismo Vajrayana chamam-se Dhyani e que sãos apenas cinco.
Repara que as divindades não são deuses budistas, mas aspectos ou rostos diferentes de um único Deus.
Do mesmo modo que as deidades Hinduistas, estas imagens destinam-se a exprimir determinados aspectos do infinito.
Devem ser utilizadas como imagens devocionais para te ajudar a visualizar, a concentrares-te, e assim poderes alcançar esse aspecto transcendental mais facilmente.
Sei que ficastes um pouco confusa, mas não te preocupes pois mais adiante o entenderás.
Cada uma dessas cinco divindades representa uma personalidade ou essência espiritual única.
Em primeiro lugar a personalidade espiritual a descrever a sua natureza essencial.
Em segundo a personalidade de um ator descrevendo o seu papel e o ambiente espiritual.
Por último, mas não menos importante, a de um guia espiritual para dar-te conselhos.
O propósito de tudo isto é introduzir-te a elementos da tradição budista Vajrayana sem levar em conta os limites de uma linhagem ou de qualquer escola em particular.
Os Cinco Budas Dhyani
ou Gyalwa Rig Nga
Os cinco budas Dhyani representam a mandala universal básica no nosso ambiente e no cosmos.
Eles representam os cinco tipos básicos de personalidade humana, e demonstram de uma forma absolutamente perfeita esses tipos de personalidade.
Cada um representa ainda uma qualidade negativa, bem como o aspecto completamente transformado desse defeito, mas manifestado como uma sabedoria gloriosa (já explico).
Creio que é um acontecimento emocionante e uma demonstração do gênio do Budismo Vajrayana que essas fraquezas não sejam negadas ou suprimidas.
Em vez disso, elas são trabalhadas até que a sua natureza ilusória é entendida e se tornam facetas da própria sabedoria.
Assim, e através da prática tântrica, as energias e as atitudes negativas são transformadas em sabedoria iluminada.
Seguidamente, os nomes, imagens e algumas características dos cinco budas Dhyani…
VAIROCANA
A palavra vairochana em sânscrito tem a conotação de um sol brilhante e luminoso.
Em tibetano o seu verdadeiro nome é Namnang, que, significa “O Iluminador” e aparece no centro da Mandala dos Cinco Budas.
Ele pacifica as emoções negativas.
É branco e tem as mãos apoiadas uma na outra com os polegares a tocarem-se. Dharmachakra, que é o seu mantra, significa a “Roda do Dharma”.
Meditar sobre a imagem de Vairochana permitiria transformar a ilusão da ignorância na sabedoria apregoada pelo Dharma.
Quando Gautama Buda girou a roda do Dharma, iluminou como um sol os corações de homens e mulheres mergulhados na ignorância.
Vairochana é tido como o somatório de todos os Budas Dhyani, combina todas as suas qualidades e é, portanto, branco puro, uma vez que o branco é uma mistura de todas as cores.
AKSOBHYA
Akshobya é o segundo dos Budas Transcendentais e representa o elemento cósmico primordial da consciência.
É mutável e imperturbável. O caminho para a iluminação passa por libertar-se de restrições e obstáculos, transmutando a negatividade.
É geralmente mais dinâmico e pró-ativo.
A cor azul de Akshobhya está intimamente ligada ao simbolismo dos espelhos e dessa forma ver as coisas exatamente como elas são.
Nenhum reflexo adere ao espelho e nenhum reflexo deixa de ser reflectido por ele.
O espelho permanece sempre imperturbável e imutável. Exatamente como nós deveríamos estar perante qualquer circunstância, quer favorável quer desfavorável.
Acredita-se que Akshobhya transforma o fracasso e a raiva em sabedoria espelhada e clara.
Ele senta-se na terra, com a mão esquerda a descansar no seu colo e sua mão direita sobre o joelho com a ponta do dedo médio tocando a terra.
Akshobhya é considerado o governante sobre a direção.
É o sentido onde o alvorecer ocorre e o anuncio do surgimento de uma nova realidade espiritual.
Ele é muitas vezes encontrado com a sua consorte, Lochana, que expressa a sabedoria primordial.
RATNASAMBHAVA
O terceiro dos Budas Trascendentais, Ratnasambhava, significa parcialmente em sânscrito “Nascido da Jóia”.
Acredita-se que Ratnasambhava transforma o traço negativo do orgulho em sabedoria associada à experiência, a representar a sabedoria primordial da igualdade.
A sua serenidade lembra-nos que todos os seres humanos, homens e mulhers, são iguais e preciosos.
Obriga a ver-nos como companheiros do mesmo caminho, unidos organicamente ao fluxo cósmico do universo.
Não há ninguém superior ou inferior ao outro e não há espaço para o orgulho se desenvolver.
A cor de Ratnasambhava é amarela, a cor da terra, extremamente generosa em compartilhar connosco as suas riquezas.
O sentimento de dar sem a esperança ou a expectativa de receber nada em troca.
Todos os seres vivos são igualmente preciosos para ele.
Qualquer que seja nossa posição social, raça, sexo ou forma de vida, somos todos feitos de um barro comum.
A meditação sobre a sua sabedoria desenvolve a solidariedade com toda a humanidade e com todas as formas de vida.
AMITABHA
Amitaba, o mais antigo e o quarto dos Budas Transcendentais, preside ao reino da Terra Pura.
É o Senhor do Lôtus e a expressão da sabedoria que transforma o veneno do apego e do desejo…
Amitaba é vermelho e senta-se na postura do lotus com as suas duas mãos a descansar no seu regaço na posição perfeita do lotus.
A sua associação com o sol poente sugere estados mais elevados de concentração meditativa.
Amitaba é retratado mais frequentemente ladeado por dois bodhisattvas eminentes, Avalokitesvara, o bodhisattva da compaixão e Vajrapani, o bodhisattva do poder.
A meditação sobre Amitaba é generalizada e muito popular.
Sua direção é o oeste.
Quando o Sol se põe o seu brilho é suave e podemos olhar diretamente para o seu poder sem danificar a nossa visão.
À medida que desaparece no oeste, o sol é como um rei orgulhoso e feroz, que no final de um dia se torna gentil e jovial e permite que qualquer pessoa se aproxime dele.
Amitabha significa o poder supremo e a energia da natureza, mas colocado num nível terreno e acessível a todos nós.
AMOGHASIDDHI
Amogasiddhi, o quinto dos Budas Transcendentais é particularmente associado com a energia vital e conhecido como o Senhor do Karma.
Como Buda de ação, ele representa a realização dos resultados, a valer-se da sabedoria dos outros quatro Budas. Encarna a sabedoria e transmuta os venenos do ciúme e da inveja.
Acredita-se que Amoghasiddhi troca esses defeitos humanos pela sabedoria positiva da realização.
O ciúme e a inveja são emoções positivas em quanto alimentam a nossa ambição e leva-nos a alcançar maiores alturas.
Seus atributos são o poder e energia subtil.
Amogasiddhi é o Siddhi Supremo, o poder mágico da iluminação.
Deste modo o mundo interior e exterior, o visível e o invisível, ficam unidos à medida que o corpo se torna espírito e o espírito se torna corpo.
A sua cor é o verde, a cor da paz, da tranquilidade e da Natureza.
É uma cor calmante e relaxante.
A sua mão esquerda descansa em seu colo no mudra de equilíbrio e sua mão direita é mantida no nível do peito voltado para fora no mudra de concessão de proteção.
Terei imenso prazer em contar-te tudo o que aprendi na minha viagem espiritual.